domingo, 21 de fevereiro de 2010

Memórias de Emília

Emília
- A vida da gente, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.

[...]

A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama;
pisca e anda;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? – perguntou Visconde.

- Depois que morre vira hipótese. É ou não é?

Monteiro Lobato

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